domingo, 21 de junho de 2009

MENSAGEM

Eu apresentei esta mensagem na Congregação Presbiteriana de Piçarras (a nossa) no dia 27 de abril de 2008. Particularmente eu gostei muito dela e coloco aqui agora pra vocês avaliarem. segue:

PERDÃO:
TEXTO BASE à MATEUS 6:9-13

Perdão significa a liberação ou cancelamento de uma obrigação e foi algumas vezes usada no sentido de perdoar um débito financeiro. Para entendermos o significado desta palavra dentro do conceito bíblico de perdão, precisamos entender que o pecador é um devedor espiritual. Até Jesus usou esta linguagem figurativa quando ensinou aos discípulos como orar: "e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores" (Mateus 6:12). Uma pessoa se torna devedora quando transgride a lei de Deus (1 João 3:4). Cada pessoa que peca precisa suportar a culpa de sua própria transgressão (Ezequiel 18:4,20) e o justo castigo do pecado resultante (Romanos 6:23). Ele ocupa a posição de pecador aos olhos de Deus e perde sua comunhão com Deus (Isaías 59:1-2; 1 João 1:5-7).

PERDÃO DE DEUS:
Como sabemos, nós já nascemos pecadores e dependemos totalmente da graça e misericórdia de Deus para que possamos ser purificados dos nossos pecados. Quando falamos desta forma, as pessoas (com seus maus pensamentos) começam a identificar nossa atitude como a de puritanos e fanáticos religiosos, que vivem uma vida completamente diferente daquela que vivem dentro da igreja, mas o desejo de ser purificado por Deus é muito diferente disso. Esse desejo parte do coração e do genuíno reconhecimento da necessidade de obter o perdão de Deus.
“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei”. I João 3:4.
Sabemos também que se nós confessarmos os nossos pecados Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça, isso está escrito em I João 1:09. Mas qual é a amplitude do perdão de Deus? Quanto ele pode alcançar? Será que quando Deus perdoa, Ele fica “remoendo” em seu coração a falta que cometemos?
A resposta é não. Imagine que você contraiu uma dívida no banco. Um simples financiamento para comprar uma casa ou para investir em um projeto empreendedor. Vamos agora ser mais específicos. Imagine que você emprestou R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e após pagar 03 ou 04 parcelas você teve um grande revés em seus negócios, o que impediu você de saldar as mensalidades. Quando você olha o teu extrato está lá, já devendo mais de R$ 30.000.00 (trinta mil reais), e sabe que é praticamente impossível pagar esta dívida, e não vendo outra solução, decide conversar com o gerente do banco. Totalmente humilhado você toma um café magro com sua família, olha pra sua esposa, e sem comentar na mesa sobre a possível conversa que já foi assunto da sua reunião particular com ela ontem, olha para os filhos e os teus olhos se enchem de lágrimas. O filho mais novo pergunta: “Papai, você está chorando”? E você peca mais uma vez dizendo que não, foi só um cisco que entrou no meu olho, ah, nos dois olhos. Os filhos vão pra aula e vocês ao trabalho. Chega a hora então de conversar com seu gerente. Seu coração está apertado, você totalmente cabisbaixo, teu pensamento está em casa, nos filhos e esposa e já tenta encontrar uma forma de explicar o seu refinanciamento, que aumentará ainda mais a sua dívida. De repente o gerente chega. Você estremece na cadeira, ele senta-se na grande cadeira giratória cor grafite, digna de um gerente bancário, olha bem para o seu rosto e não para os seus olhos, pois isto é impossível quando se está de cabeça baixa e diz: “Qual o problema meu amigo?” Você começa a falar com a cabeça abaixada e levanta devagar, quando fita os olhos no rosto do gerente percebe um sorriso que você não sabe distinguir se é sarcástico ou animador. Você explica que fez um empréstimo na tentativa de melhorar as condições de vida da sua família, que foi um risco e que acabou não dando certo. Você se humilha mais ainda dizendo que não teve a capacidade de administrar aquilo que foi colocado na tua mão e que se arrepende tanto de ter contraído este empréstimo que se pudesse voltar atrás faria tudo de uma forma diferente. O gerente fica sério, pede pra você aguardar um momento e gira sua grande cadeira giratória de cor grafite em direção ao seu computador, você diz: “precisa do meu cartão?” Ele, sem falar, apenas sinaliza que não, digita algumas letras, clica com o mouse e de repente “tchunnnnn”, imprime duas folhas. Você engole seco, o coração acelera, ele pega a impressão, gira a cadeira giratória cor grafite de volta à mesa e entrega o papel pra você. Ele com um sorriso nos lábios, você com os lábios trêmulos, a garganta seca e com o coração despedaçado apanha as folhas e começa a ler. Você olha para os cantos, tenta encontrar alguma câmera escondida, pois pensa que aquilo ali só pode ser uma pegadinha, uma brincadeira ou coisa parecida. Você olha para o gerente e pergunta: “Isso aqui é sério?” Ele acena que sim. Você pensa que vai se acalmar, mas agora sim é que o teu coração acelera ainda mais, as mãos suam e as lágrimas que começaram na mesa do café caem de verdade. O documento diz: “o Sr. Fulano de Tal é um dos nossos melhores correntistas, por este motivo estamos disponibilizando em sua conta corrente um prêmio no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Este documento também demonstra que não existem pendências financeiras do Sr. Fulano de Tal neste banco e nem em qualquer outra instituição de proteção ao crédito, aos olhos da nossa instituição, o Sr. Fulano de tal é um homem de sucesso”. Com os olhos inchados você fita os olhos do gerente. É a primeira vez que isso acontece nesta conversa e você pergunta o que precisa fazer para agradecer este ato de misericórdia e o gerente responde: “Apenas fale bem de mim lá fora, e nunca mais contraia uma dívida assim.”
Este é o perdão de Deus, ele apaga as nossas transgressões. Salmo 51:1.

PERDÃO DO HOMEM (exemplos de perdão):

O perdão de Esaú: a questão da primogenitura na época de Jacó e Esaú era levada muito a sério. Ser primogênito era receber com respeito o lugar de líder que era do pai, como escrito em Gênesis 27:29, quando Isaque abençoa a Jacó, pensando que era Esaú. No versículo de número 41 a bíblia relata que Esaú passou a odiar Jacó.
Mas Deus realmente faz maravilhas. Infelizmente, por muitas vezes nos concentramos tanto na história de Jacó que acabamos esquecendo quão importante foi um dos maiores acontecimentos da vida de Esaú e Jacó. Por vinte anos serviu Jacó a Labão, 14 anos pelas filhas e 06 anos pelo rebanho. 20 anos depois Jacó procura Esaú através de mensageiros, Esaú promete encontra-lo com 400 homens, e Jacó teme, por isso divide o povo em dois grupos. Jacó se prepara para o pior. Ele tinha separado presentes para Esaú. Quando viu que Esaú se aproximava colocou as servas e seus filhos à frente, depois Lia e seus filhos e depois Raquel e José. Chegou a hora.
Chegou o momento. Imaginemos agora o que se passava na cabeça de Jacó: “Senhor, ele está vindo, guarda minha vida Senhor, guarda a vida da minha família. Senhor, Esaú deve estar enfurecido Pai, eu roubei a benção que era pra ser dele. Pai guarda-nos Senhor.” O versículo 04 do capítulo 33 descreve perfeitamente se existiu ou não perdão de Esaú para com Jacó. A bíblia relata que Esaú correu ao encontro de Jacó, o abraçou e se arrojou em seu pescoço. Você sabe o que significa se arrojar? Arrojar-se significa lançar-se com ímpeto e força, arremessar-se. Imagine então que você tenha um irmão forte, peludo e com cara de bravo, que há 20 anos atrás sofreu um ataque fulminante cometido pela tua ganância e egoísmo. Imagine que você cometeu contra ele um mal tão grande que “martelou” a tua cabeça durante esses vinte anos, todo dia, toda a hora, em todo o momento. Agora chegou um momento. Você não teve coragem de falar pessoalmente com teu irmão. Você conversou com sua esposa ou esposo, pediu para que ligasse para ele falando que queria se encontrar, que queria pedir perdão e seu irmão acaba respondendo. Ele marca o dia, o horário e o local do encontro. Diz também que levará alguns amigos e empregados. Você reúne a família e parte para o encontro, cheio de receio e medo. Chegando no local combinado você para na porta, aperta a mão do cônjuge, abraços os filhos e diz: “Esta é a hora”. Você olha pra dentro do restaurante, ali é o lugar. Será que meu irmão irá me envergonhar na frente de todo este povo? Será que vou apanhar aqui? Você pergunta. Vocês sentam-se à mesa reservada, os olhos se fitam para o estacionamento e de repente chegam. Uma caminhonete F-250 preta, com rodas largas, esportiva, enorme, e logo atrás mais 03 carros, todos lotados. Você levanta e estremece. Cochicha para as crianças: “O titio chegou”. Desce então do banco do carona um homem alto, barbudo, musculoso e de cara fechada. Ele não ri, nem dá sinais de simpatia. Você sai da mesa e pede para a família ficar ali, enquanto você se posiciona no corredor do restaurante. Ele passa pela porta, as pessoas percebem a cena. De repente aquele homem grande corre ao seu encontro e tudo isto passa em câmera lenta. Tudo que aconteceu no passado vem à mente e você fecha os olhos. A única coisa na qual você consegue pensar é em como você queria que ele te perdoasse, e neste momento ele está furioso, correndo ao seu encontro. Numa mistura de medo e surpresa, você sente alguém se arremessar no teu pescoço, te abraçando e chorando. Você abre os olhos e vê o “furioso” se transformar num poço de lágrimas. Você pede perdão e é perdoado.
Nós vamos encontrar na bíblia muitas pessoas que nos dão exemplo de como perdoar. Dentre eles podemos destacar José, Estevão e evidentemente o próprio Jesus. Mas será que conseguimos realmente apagar da nossa memória tudo que acontece a ponto de podermos oferecer o perdão genuíno vindo de Deus? Talvez a falta de entendimento do perdão tem levado as pessoas a alimentarem mágoas que duram não 20 anos, mas sim uma vida inteira.


PERDÃO NA PRÁTICA:
Vimos uma história maravilhosa. Uma história de perdão, de arrependimento e de amor. Será que Esaú conseguiu apagar toda a maldade que Jacó fez? As pessoas costumam dizer que quem perdoa esquece. Esta afirmação tem levado as pessoas a confundirem o sentido do perdão. Deus esquece totalmente das nossas falhas, dos nossos pecados. Hebreus 8:12 . Como também vimos anteriormente: “Ele apaga as nossas transgressões.” Mas nós não conseguimos esquecer aquilo de mal que fizeram a nós. Temos que ter consciência e saber que isso é uma condição fisiológica. Nós passamos por vários momentos, bons ou ruins e de nenhum deles nos esquecemos. O conceito de não lembrar mais do nosso devedor não está em apagar da memória o que ele fez, mas sim apagar a mágoa que foi causada pelo mal. “Perdoar é lembrar da dívida, sem mágoa do devedor”, isso sim é perdão. Um grande exemplo disso foi José. Ele conversa com seus irmãos, fala pra eles não se sentirem mal pelo mal que fizeram (vejam só), e diz que foi Deus que quis assim, para a conservação da vida, Deus enviou José à frente dos irmãos. Gênesis 45: 5, 8.
Percebemos aqui que José não esqueceu o mal que os irmãos o fizeram, mas ele conseguiu apagar toda a mágoa que porventura pudesse haver pelo mal que o fizeram. Este é o sentido. O versículo 15 do capítulo 35 demonstra o perdão de José: “José beijou a todos os seus irmãos, e chorou sobre eles...”

2 comentários:

Jéssica Martins disse...

Muito boa essa mensagem! Essa questão do perdão é muito importante ser tratada. Visto que o homem a cada dia se esquece disso. O mundo está cada dia mais vingativo, e sem amor! E o principio de tudo, é o amor!

Que essa palavra toque muitos coraçãoes. Em nome de Jesus!

Abraços!

Presbiteligente disse...

Obrigado Jeh... acredito sim que o perdão é muito importante e entendê-lo bem é mais importante ainda... Deus queira que as pessoas entendam isso...
bjs